quarta-feira, 17 de junho de 2009

as trajetórias - parte II - rascunhos de não-pertencimento

São Salvador, 2002, lugar de estranhezas, de uma tal "baianidade"...mas o que é mesmo essa tal "baianidade"?

Deparar-se com o outro é uma forma de se voltar a si mesmo. Deparar-se com outro lugar é uma forma de voltar ao seu lugar. Mas que lugar é este o meu?

Fortaleza, cidade efêmera, povo nômade. Espaço geo-humano de transformações constantes, de dobras. Será isso a "cearensidade" possível?

Ao primeiro "regresso" percebi concretamente que não há voltas, era fisicamente visível como a minha casa tinha ficado menor. Logo ganhei a alcunha de baiana entre os meus conhecidos cearenses e a de cearense entre os meus conhecidos baianos.

E me constatei sem lugar.

Nesse espaço de não-pertencimento, de natureza nômade, outro lugar se fez presente, o virtual, através do qual criava um ambiente de expressão e de intersecção com os afetos cada vez mais espalhados pelo mundo. O incômodo inicial de perceber-me sem lugar vai aos poucos dando espaço à metáfora pessoal da "andarilha", deslocada e descentrada, como propõe a definição de Ernest Laclau sobre a identidade cultural na pós-modernidade.


“o sujeito da experiência seria algo como um território de passagem,
algo como uma superfície sensível que aquilo que acontece afeta de algum modo,
produz alguns afetos, inscreve algumas marcas,
deixa alguns vestígios, alguns efeitos”.(LAROSSA, 1998)

Um comentário:

bruno nobru disse...

estou curioso e interessado e ler mais deste teu trabalho, estou achando muito bom..